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Foto do escritorLury Tomioka

A busca por um propósito está te aprisionando?

Tinha uma época em que eu estava viciada em tarot. Praticamente toda semana eu queria que as cartas me dissessem se eu estava "fazendo a coisa certa" e "cumprindo o meu propósito". Como se o universo tivesse uma sinopse da minha vida e eu devesse buscar freneticamente respostas lá fora para saber qual era a minha missão aqui e se eu me encontrava no caminho programado.


Naquele momento, eu estava me formando como advogada e, paralelamente, trabalhando com Astrologia, Numerologia e Constelação Sistêmica. Transitava entre universos praticamente opostos: um baseado em leis, disputas de poder e processos judiciais; outro permeado pelo Ser, pela conexão humana e intuição.


Uma parte conservadora minha gritava, morrendo de medo, que eu deveria prestar concurso para ter segurança, estabilidade, prestígio e impacto social. Outra parte intuitiva minha sussurrava para eu abraçar esse trabalho terapêutico intangível, não formatado, cheio de incertezas... e também cheio de amor.


Preocupada e insegura, fui conversar com o Sr. Rômulo, um mentor espiritual muito querido e sábio, esperando que ele me revelasse algo sobre o meu propósito. Meu cabeção achava que ele ia lançar uma profecia mais ou menos assim: "Ser terapeuta e trabalhar com essas coisas místicas que você gosta não é o caminho. Você nasceu para ser juíza, contribuir com a justiça no país e ajudar milhares de pessoas. Não será fácil... levará muitos anos para você chegar lá. Mas esse é o seu destino."


Surpreendentemente, eis o que o Rômulo responde: "Faça o que te traz alegria. E pare de ficar mudando de ideia!" – simples assim. Sem megalomanias ou fardos. Meu ego calou a boca e saiu de cena com o rabo entre as pernas.


Buda disse que nossa mente é muito limitada para compreender o ilimitado. Eu não sei se existe um plano divino detalhadamente traçado, se minha missão veio definida ou está sujeita a alterações, se o meu arbítrio é totalmente livre... mas sei o que deixa meu coração alegre, curioso e dedicado. E agir de acordo com isso tem tornado minha vida muito mais satisfatória.


Te convido a refletir se a busca pelo seu propósito de vida tem te aprisionado em vez de expandir seus horizontes, suas capacidades e sua felicidade. Sinto que é mais frutífero escolher como queremos viver cada dia no lugar de profetizar o para quê da nossa existência.

Vamos caminhando pelo mistério com alegria e consistência... o sentido maior do percurso, quem sabe, descobrimos depois!

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