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Foto do escritorLury Tomioka

Como cultivar a empatia no ambiente de trabalho?

Seja pelos estudos de Harvard ou pela própria experiência, sabemos que a qualidade das nossas relações determina a qualidade das nossas vidas. Não só a felicidade, mas a existência humana depende das pontes afetivas que estabelecemos uns com os outros. Essencialmente, todos nós buscamos ser vistos, aceitos, acolhidos e amados.


Também já sabemos que a falta de empatia nas empresas traz um preço muito alto: desengajamento, baixa produtividade, demissões constantes e muitos conflitos internos que deterioram a nossa saúde física, mental, emocional e espiritual. Será que tem bônus no fim do ano que compense tudo isso? Por que ainda é tão raro levar a conexão humana e a amorosidade para o ambiente de trabalho?


Quando entrei na faculdade de Direito e comecei a fazer estágio, fiquei assustada com a prática da advocacia. Tanto stress, formalismos desnecessários, pressão constante, processos intermináveis, egos inflados, disputas de poder... e muito pouco espaço para a empatia. Até hoje, amigas da faculdade me contam frases traumáticas de seus/suas chefes desde que começaram a trabalhar nos escritórios de advocacia: "Nós vamos te espremer até a última gota.”; "A única pessoa que vai sentir dó de você é a sua mãe!”; "Não me importa se você varar noites no escritório, dinheiro não dá em árvore!”; “Se não está feliz aqui, resolva os seus problemas com o psiquiatra!”. Sem contar as vezes em que foram responsabilizadas na frente do cliente pela cagada dos seus superiores, não foram reconhecidas quando o mérito foi totalmente delas e assim vai...


O meu objetivo aqui não é criticar a advocacia, os escritórios ou a gestão das equipes. A experiência e os aprendizados humanos são marcados pelo contraste: tudo tem seu lado positivo e negativo, cabe a cada um de nós encontrar o próprio ponto de equilíbrio. Enquanto adotarmos uma perspectiva de vítima x vilão – nesse caso, os estagiários ou advogados mais novos como os bonzinhos e chefes como seres do mal –, será muito difícil abrir caminhos para a empatia.



Aprendi que existem diversos fatores que fazem os sistemas (escritórios, empresas e instituições) e suas lideranças atuarem de determinada forma. Cada organização humana tem uma cultura e regras do jogo que movimentam os indivíduos ali presentes. Consciente ou inconscientemente, a todo instante estamos fazendo escolhas. E, se não estamos satisfeitos com as dinâmicas de relacionamento no trabalho, existe a possibilidade de mudar, seja o olhar, a postura interna, a comunicação com os outros... Ou, quando realmente já não tem espaço para o florescimento pessoal, talvez esteja na hora de deixar a tal da resiliência de lado e mudar de emprego!


Sinto que vivemos o desafio de levar conexão humana para o ambiente de trabalho, porque ainda estamos despertando para a importância do autoconhecimento e da autorresponsabilidade. Nada está separado e não há transformação ambiental sem passar pela transformação interna.

Quem se desconecta de si mesmo e responsabiliza o mundo externo pela própria infelicidade aprisiona-se, mantendo-se como um espectador crítico e reativo diante da vida. Por outro lado, quem se conhece em profundidade e responde pelas próprias escolhas liberta-se para ser protagonista na vida e reconfigurar a própria realidade de acordo com o que faz sentido internamente.


Então, se queremos conexões mais empáticas lá fora, que tal olharmos empaticamente para dentro?

  • Você tem se observado?

  • Consegue perceber o que está bem vivo dentro de você (emoções, pensamentos, sensações)?

  • Tem escutado as suas necessidades, os seus valores, seus sonhos?

  • E como está se comunicando com as outras pessoas?

  • Tem se vestido de armaduras para não ser visto na sua essência?

  • O que poderia fazer para cuidar mais de si e não ficar tão moldável pelos acontecimentos externos?

  • Do que você precisa para se sentir mais realizada?

  • Qual passo você pode dar hoje em direção a isso?


Sem dúvida, precisamos de iniciativas para que a conexão humana seja valorizada e praticada nas empresas. Ao mesmo tempo, empatia requer trabalho interior. Como não mudamos ninguém, a melhor opção é começar por si mesmo... ainda que de maneiras imprevisíveis, a sua transformação reverberará no seu entorno.


Dica:

Na hora do conflito, lembre-se de que toda agressão revela uma dor e traz um pedido implícito de ajuda. Uma pessoa que está bem internamente não sai por aí atacando os outros com críticas pesadas, xingamentos ou fofocas. Quanto maior a intensidade do ataque, maior a necessidade de cura. Então, respire fundo, não leve nada para o lado pessoal e cuide do seu bem-estar!

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